Chikki 101- Sobre Ser: Princípios Fundamentais
CHIKKI 101- SOBRE SER PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
NOTA DE ESCLARECIMENTO
[Filosofia] [Escrita Ensaística] [Prática Artística] [Ontologia] [Epistemologia Situada] [Fenomenologia]
I. SER UNO
Ser uno é consequência de estar inteiro. O fosso entre esferas é imposto pela categorizarão social, não pela estrutura ontológica. A unidade do ser não é estética nem identitária — é consequência de quem se é, e é indivisivél.
II. SUAVIDADE
Superficialidade é desinteresse: um pseudo-conhecimento desapaixonado, incapaz de profundidade. Suavidade, em contraste, implica ir ao fundo e regressar a si — manter a profundidade com noção do peso. Recusar reproduzir crueldade mesmo que se carreguem feridas. Uma forma de resistência epistémica — agir sem repetir a violência. Agir contra a brutalidade do mundo sem se tornar cruel.
III. PRESENÇA
A presença é ser consciente e uno: habitar o mundo com intenção, responsabilidade: ser, pensar e agir. Presença- ultimo estágio do desenvolvimento moral. Implica uma disposição volitiva que não se organiza a partir da validação externa, mas a partir de sí.
IV. VERDADE E AFETO
A verdade não é uma resposta, é um lugar de fala. A verdade tem de ser sustentada pelas nossas ações. Implica coerência entre o que se pensa, o que se diz e o que se faz. O afeto é a força motriz que nos impele à procura da verdade. Sem afeto não há ação; sem procura da verdade, não há presença.
V. ERRO
O erro é parte do processo de inscrição no real. A moral do sujeito não se mede pela previsibilidade da conduta, mas pela responsabilidade das suas consequências. Recusar o erro por medo do julgamento é abdicar da possibilidade de ação. A ação integra o erro como elemento constitutivo do pensamento volitivo. O erro é um elemento estrutural da ação humana.
VI. Profundidade
A profundidade não é peso acumulado, mas consciência do que se carrega. É consequência de ter atenção a si e ao mundo. Ser profundo é assumir a responsabilidade do que se pensa, se sente e se devolve.
VII. SOBRE SER
O ser transforma a experiência em ação e devolve ao mundo o que inteligiu.
Ser é agir em consonância com a tríade pensamento, ação e presença. Mesmo que o outro não compreenda, o ser deve agir a partir de si.
Nota:
Esta estrutura é desenho ontológico. As formulações aqui reunidas resultam da analise de uma prática situada e são sustentadas pela ação. Operam num léxico em construção, comprometido com a coerência entre o que se vive, o que se pensa e o que se diz.
REFERÊNCIAS
Arendt, H. (1958). The Human Condition. University of Chicago Press.
(Tradução portuguesa: Arendt, H. (2001). A condição humana. Relógio D’Água.)
Arendt, H. (1968). Truth and Politics. In Between Past and Future: Eight Exercises in Political Thought (pp. 227–264). Penguin Books.
Merleau-Ponty, M. (1945). Phénoménologie de la perception. Gallimard.
(Tradução portuguesa: Merleau-Ponty, M. (1999). Fenomenologia da percepção. Martins Fontes.)
Parmênides. (séc. V a.C./2008). Da Natureza (fragmentos). In J. C. Brunschwig & G. E. R. Lloyd (Eds.), Le Penseur et le réel: Les Présocratiques (pp. 215–230). Gallimard.
(Tradução portuguesa consultável em Os pré-socráticos: Fragmentos, testemunhos e comentários. Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.)
Weil, S. (1942/2002). La pesanteur et la grâce. Plon.
(Tradução portuguesa: Weil, S. (1993). A gravidade e a graça. Assírio & Alvim.)
Sontag, S. (1966). Against Interpretation, and Other Essays. Farrar, Straus and Giroux.
(Tradução portuguesa: Sontag, S. (1984). Contra a interpretação. Edições 70.)
Deleuze, G. (1968). Différence et répétition. Presses Universitaires de France.
(Tradução portuguesa: Deleuze, G. (2000). Diferença e repetição. Relógio D’Água.)